20/06/2012

Fumegar


Na estação, os vagões correm
 – trens partem toda hora –
Meus olhos cansados
padecem da incredulidade  fresca
dos dias sem noite,
E se trancam, como ouro
em séculos de escavação desencontrado.

[Longe daquilo que era,
Agora sou o desejo
de ser]

Esse trem não guarda
rancores,
apenas se move sem sentido
que não seja humano.
e eu, dentro dele,
entendo suas imperfeições,
lembro do maquinista e da máquina,
acaricio o veludo vestido dos bancos
e a rugosidade branda do aço,
realmente o amo porque me faz sair
de longe de ti,
ter o sonhar
como sul,
transvoar o abismo. .  .    .

E de lá, donde vou,
torno olhos abertos
e peito liquefeito
aquele bólido sem vida.

Menos pálida
essa gigantesca força,
mais meus pés
e meus sins.


Um comentário:

Fabi disse...

Bonito é pouco, é emocionante.