04/02/2010

Meu pequeno príncipe

Qual seria o gosto de seu único beijo?
Um beijo às escondidas, do qual nem nós mesmos teríamos notícias.
A vida continuaria como sempre foi: a sua, como um dominó cujas peças vão caindo em sincronia perfeita, ao som da firmeza irritante de seu caráter; a minha, com a mesma “flexibilidade” leviana da qual finjo me orgulhar, porque me diferencia de xiitas como você.
Com esse beijo, que seria como se não tivesse sido, não precisaríamos mais nos desprezar, e nos libertaríamos do constrangimento de sentir o coração parar em rápidos olhares que nos prometem o Jardim do Édem.
Não sou mais a menina de saia curta e pernas finas que puxou fitas cor-de-rosa do bolo de 15 anos na esperança de encontrar a aliança escondida no meio do glacê.
Muitas vezes o ar me faltou, e perdi a conta de quantas vezes caí num buraco escuro que pensei que fosse sem fundo.
Mas pra você, e pra ninguém mais, guardaria meu único beijo.

9 comentários:

Anônimo disse...

este texto parece prosa.falta densidade, parece um texto de alguém com 15 anos, embora se diga que não se tem mais 15 anos

Raíssa Abreu disse...

Oi, amigo(a).

Minha intensão - se é que algum texto literário nasce por "intensão" - foi exatamente transmitir esse clima ingênuo de paixão platônica de diário cor-de-rosa trancado com chavinha, lembra?
Mas você tem toda razão: meu texto (e aqui me refiro a tudo o que escrevo) se aproxima muito mais da prosa que da poesia. E tem razão especialmente quando se refere à falta de densidade, o que tomarei, de bom grado, como um desafio.

Valeu, galera.

Léo Tavares disse...

é, vamos fazer essa sylvia plath saltar de dentro da pollyana. hehe
:)

Raíssa Abreu disse...

Kkkkkk....

Anônimo disse...

Confesso que da primeira vez que li seu texto, Raíssa, tive a mesma impressão de nosso amigo anônimo lá de cima. Mas, lendo novamente, vi que mais que certa falta de densidade, o que caracteriza seu texto é uma referencialidade e uma proximidade com a objetividade do discurso prosáico (que nem sempre é objetivo, veja). Esse texto, que está no campo da memória, e nos domínio da consciência da primeira pessoa, faz uma avaliação de um momento passado (fictício ou não) em contraponto com o presente. É uma declaração, como se fosse proferido a um interlocutor próximo. E é também um momento de reflexão sobre tua própria(ou da personagem)existência. Foge, portanto, da profundidade (verticalidade) que geralmente marca os textos poéticos. Mas ainda não é o suficiente para se dizer que (ao menos em rlação ao texto em questão) sua escrita é mais próxima da prosa que da poesia. Acho que ela está no meio do caminho, entre os dois gêneros e é um ponto que você precisa trabalhar mais. Aproximando-se mais de um ou de outro, deve (acho) explorar justamente as ferramentas oferecidas tanto pela poesia quanto pela prosa. Inclusive, brincar de passear entre ambas. Logo, não acho produtivo classificar seu texto de modo categórico e sim buscar afinar os mecanismo de expressão com os quais você já trabalha.

Abs

Menezes

Raíssa disse...

Valeu, Menezes. Acho que era o que eu precisava ouvir.

mateus trabelo disse...

Léo, é por aí. qu'idéia de jerico essa de classificar um poema desse modo tão categórico e agressivo? o primeiro comentário desse post foi simplesmente horrível. não mostra nenhuma análise crítica, mostra apenas uma frustação convertida em um pobre ataque de ordem pessoal. numamão, porque a circunstância de um poema parecer prosa não lhe diminui em nada - vide água viva (clarice), grande sertões, galáxias, baudelaire, i. ciro, eiliko, apenas pra citar os mais expoentes. noutramão, a circunstância de parecer ter sido escrito por alguém de 15 anos também em nada lhe diminui. sem citar rimbaud, citando-o, apenas digo que algumas das melhores obras de arte têm uma temática prepoderantemente adolescente. viva a rebeldia do punk! no verdade tropical, caetano diz que um artista pode se voltar para a infância ou para a adolescência. e que na visão dele, caetano, os melhores artistas voltam-se para a infância, e cita, se não me engano, picasso e fellini. e diz que, sente sua obra menor (a dele), pois é voltada para a adolescência. bobagem! eterno adolescente, caetano é genial. haa, e tem aquela música do leminski, cês sacam, 'quanto eu tiver 70 anos, vai acabar essa minha adolescência..."?
mudando o assunto de pau pra cacete, acho que muitas vezes no blog vivemos numa panelinha, numas de um ficar passando a mão na cabeça do outro.
então acho super válido alguma crítica negativa. pero, crítica, manja?

mateus trabelo disse...

haa, raíssa, não esquente a moringa, eles passarão, nós passarinho.
adorei a referência à alice nos país das maravilhas.
continue metendo bronca porque você é iluminada!

Raíssa disse...

Pô... valeu!