Engenheiros, arquitetos, advogados
Especialistas os mais refinados
Não calcularam bem
Mesmo assim se fez
O mundo subiu
O concreto misturou
O cerrado se revoltou
Qual que madrugada
Onde nada se vê
O sonho se abriu
A obra, o canteiro
Subiram.
Feito crianças
Todos vieram
Todos mudaram de vida
Maltrapilhos e engravatados
Surgiram os mais diversos
Estórias e afetos
E arrependimentos e desalentos
Todos vieram
O fado e o frevo dançaram uma valsa vienense
A tortura e massa escaldante aí passaram a namorar
E se casaram e tiveram filhos
O jeito sereno ficou para trás
As terras, as cabanas, os bares
Os amores, os morros e a beira mar
O beijo em copacabana
Seus olhos choraram em chão impermeável
E seus filhos brotaram das frestas de memória
Que ainda fazem seus plantões
Os cinquenta anos passaram
Independente de decreto que assim pudesse dizer.
Mas 50 anos sempre passam
De 50 em 50 anos.
3 comentários:
Boa, Juliano! Primeiríssimo nexogrupalista a cumprir com o desafio. E achei o poema legal, com a leveza e a desconfiança habitual...
E o poema tem um certo aspecto de edifício!
Que venham os outros!
Gostei também, esse final diz tudo. Um abraço, eiliko
Valeu Galera... acho que vou inscrevê-lo no concurso, será que rola?
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