24/04/2009

O Sonho, A Capital

Engenheiros, arquitetos, advogados
Especialistas os mais refinados
Não calcularam bem

Mesmo assim se fez
O mundo subiu
O concreto misturou
O cerrado se revoltou

Qual que madrugada
Onde nada se vê
O sonho se abriu

A obra, o canteiro
Subiram.

Feito crianças
Todos vieram
Todos mudaram de vida
Maltrapilhos e engravatados
Surgiram os mais diversos

Estórias e afetos
E arrependimentos e desalentos
Todos vieram

O fado e o frevo dançaram uma valsa vienense
A tortura e massa escaldante aí passaram a namorar
E se casaram e tiveram filhos

O jeito sereno ficou para trás
As terras, as cabanas, os bares
Os amores, os morros e a beira mar
O beijo em copacabana

Seus olhos choraram em chão impermeável
E seus filhos brotaram das frestas de memória
Que ainda fazem seus plantões

Os cinquenta anos passaram
Independente de decreto que assim pudesse dizer.
Mas 50 anos sempre passam
De 50 em 50 anos.

3 comentários:

Ciro disse...

Boa, Juliano! Primeiríssimo nexogrupalista a cumprir com o desafio. E achei o poema legal, com a leveza e a desconfiança habitual...

E o poema tem um certo aspecto de edifício!

Que venham os outros!

Anônimo disse...

Gostei também, esse final diz tudo. Um abraço, eiliko

Juliano Flávio disse...

Valeu Galera... acho que vou inscrevê-lo no concurso, será que rola?