Cansado de repetir o que já foi dito,
Em voz alta, em voz branda, em surdina
Em coro, acompanhado por violino
Por sinais de fumaça
E por escrito
Atiro palavras à mesma fogueira
E silencio.
Foi um gesto de leve que te fez voltar o rosto
Virar-me as costas
Com o mesmo gesto eu me dispo dos pesos
De ferro, voz humana e espuma
E me mostro indissociável do que sou
Um monstro de éter
Um anjo por trás das vísceras.
Arranquei peles, roupas, máscaras
E não digo mais nada inteligível
O que pronuncio é chuva
O que sussurro corta como vidro.
Implora-me palavras de amor
E aniquilamento
Agora que eu vivo caos e me delicio.
Agora que nasceu em mim a lógica do Deus
De um Testamento Antigo:
Olha-me de infinito
Engole o choro.
Engasga o grito.
6 comentários:
Essa parte final é demais .
As tuas poesias são sempre tão visuais,adoro .
Pesado este poema. Senti na revelação a resposta ao mundo opressor, ou às atitudes egoístas dos outros. Mais que uma revelação de si, apenas de si, o poema revela a "monstruosidade" desse eu, não como figura monstruosa, mas como se fosse capaz de reagir tão ferozmente, a ponto de tornar-se animal, buscar a inumanidade a única resposta possível a nosso mundo... Sei lá, são reflexões
Léo menezes
são reflexões muito acertadas, menezes.
eu diria 100%
Leo Tavares!
Tenho me sentido assim...meio bruta...rasgando as vestes e as víceras, em gritos surdos!
Forte o Poema!
Bic
Gosto muito dos seus poemas, Leo. Mas esse achei um tanto grosseiro. Não posso negar que toda essa visceralidade me soa um tanto kitsch.
abs
Ciro
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