Rebatendo o porre da vida
Entorno a minha cachaça
Calçada e lua, puta e rua
(Ah, esse lugar comum de caos
E poesia)
Beijo o chão ou tapo o sol
com a peneira dos trapos
Escorridos noite adentro
No caminho de virilhas sãs
E ofereço a ponta do dedo
Já molhado de saliva, erguido, teso
No falo das horas trôpegas
Onde se lambe a fumaça
Onde se encontra a desgraça
Pirracenta dos velhos atos.
Cactos fazendo cócegas
Na fedentina das axilas
A missa que sangra os ouvidos
Muito além do coro das rezas
Do sufoco e dos calos nas mãos
O amém das aves murmurando vôos
Sobre as cabeças atéias entre teias e
Colméias cheias de sapos
No lume pantanoso dos insetos.
Carcaça, carapaça e trapaça
Na ressaca soberba
De almas perdidas
E noites selvagens!
Adeilton Lima
5 comentários:
Essa tua poesia é demais.
Meio o universo do Plínio Marcos,ehehe.
Adorei.
Beijos
oferenda a dionísio. a vida mundana, aberta, "selvagem". Existe maldade nesse passeio profano. "Onde se encontra a desgraça" - "A missa que sangra os ouvidos...Muito além do coro das rezas" é onde entornas tua cachaça. Essa alma poética que tu (lírico) encarnas, já que o teu lugar é lugar nenhum; "Calçada e lua, puta e rua". Gostei do clima de embriaguez incipiente, mas também da sacralização da encruzilhada.
menimezes
um brinde às noites selvagens e putas bebedeiras!
Moçada,
Grato pelos comentários. Bebamos sempre o porre doce e amargo da vida!
Bração!
Adeilton
AI!
Como sempre, muito imagético!
Passa da água pro vinho...
Da urbes pro campo!
Doído, Bonito!
Bic
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