Eu guardo uma flor nos meus cadernos,
Guardo papéis de presente e brincos de pares dispersos,
Porque me lembram algo,
Guardo frases para dizer a alguém,
Guardo páginas de revistas antigas,
Para lembrar que o tempo passou...
Guardo papéis de bombons como se ainda pudesse sentir o gosto,
Guardo roupas velhas e cartas de amigos distantes,
Guardo vidros de perfumes vazios, para sentir o cheiro dos anos passados,
Guardo recordações palpáveis, para não esquecer as emotivas.
A tua carta eu rasguei,
E hoje mal lembro o motivo,
De ti só guardo o meu próprio corpo,
Como um relicário de saudades,
Uma lembrança das tuas mãos...
3 comentários:
Se é não propriamente triste, a lembrança é um tema melancólico. Guarda-se o que se transforma em relíquia, para significar o que já passou. O tempo presente não guarda todo sentido, sequer nos lembramos hoje do que nos fez guardar tantas coisas. O fim do poema é muito interessante, porque o objeto de lembrança passa a ser o próprio corpo, o eu que lembra, moldado às mãos daquele de quem hoje se sente saudade. Interessante o movimento de pertencimento, de saber que o que sentimos não é construído apenas por nós...
Léo menezes
poema lindo, fabi
eiliko
Nostálgico, muito bonito.
Verus.
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