A barata na boca da garrafa
A garganta da garrafa nas antenas da barata
Como os caninos de um vampiro
Prontos a sugar todo o líquido...
um túnel repleto de enguias e clarões ao fundo
fumegando sentinelas
O contorcer-se da existência
num corpo febril, louco, desvairado
Gargalos, garras, gargalhadas
Uma pele de vidro sem reflexos
Quase aos cacos
Com cara ainda de noite
A barata lambe a presa
Como se fosse a própria cria
Tudo úmido
Ah, esse líquido amarelado!
Talvez mais gelado
Do que a gostosa... E estúpida cerveja...
Gargarejos e(s)coando...
Mas ali resta um balcão
E um deserto de mesas e cadeiras.
Ouve-se uma voz talvez num tom suave:
Garçom! Desce uma!
Adeilton Lima
7 comentários:
Eu adoro como você descreve a cena,hehehe.
Tuas poesias são sempre ótimas.
Beijão, Fabi! Obrigado!
Poemas estílicos são sempre de bom gosto, hehehe, e este não foi exceção :P
Opa! Quis dizer "etílicos", mas a palavra-valise "estílicos" também serve pra ocasião! Valeu pelo ato falho, dr Freud!
O título já é bastante interessante, curioso...O primeiro verso me remete ao -é o tchan-, numa versão fabulosa e bastante crítica, muito bem!
O rítmo dessas imagens, as consoantes que brincam, imagens sombrias, vampirescas, uma fala poética das coisas da vida.
Gostei de "uma pele de vidros sem reflexos""..."a barata lambe a presa", "tudo úmido"...fui da atração ao asco, da sobriedade à embriagez...
Valeu Adê!!!
Essa barata quando morre é o artista quando cria?
Com a palavra Gregor Samsa!
abraço!
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