12/02/2008

Faça nada!

Estabelecer o que é forma de pertencer:
nova idade – dos seres –
e da matéria renascida pela pressão
das forças do desejo.
Hoje pertenço ao dia que de noite se constrói,
talvez outrora tenha sido quase planta,
com suas duas respirações,
a responder pela agonia do amor
e da completa solidão,
com a mesma cara
mesmo verso,
displicente,
como são as sombras quando escolhem
onde irão deixar o sol morrer.
Se escolho, esta forma,
e se pertenço – tão desleixado –
posso gritar mil palavrões,
deitar no céu encanecido de
estrelas pontiagudas.
É escolher – ao que pertencer,
é vontade própria – repetida,
é esquecer o que não se abstrai
e lembrar do vento suave do mar,
que diz, realmente, “faça nada, nada”,
enquanto se emperram os mecanismoslógicos do universo...


Léo

3 comentários:

Fabi disse...

Essa foi uma das poesias que eu mais curti, das últimas que vc escreveu.
Mas eu já disse que sou tua fã, nem vou ficar puxando saco,heheheh.

Anônimo disse...

Leo, sua poesia está se tornando uma série de projetos para a alma - faces, vértices, perspectivas da alma. Está realmente ótimo. Seus poemas estão carregados de um estoicismo que cada vez se matura mais. Ia criticar um pouco uma certa abstração vaga de alguns dos seus textos, mas vou deixar quieto. :P
Parabéns!

Léo Tavares disse...

esse "faça nada, nada" me remete a um som de onda, numa praia: uma cena noturna que realmente parece nos dizer para deixar a vida FLUIR. é uma mensagem poeticamente poderosa, mas com uma leveza agradável a quem lê. para mim é quase um incentivo, esse "faça nada". eu concordo quando o ciro fala em estoicismo; as últimas coisas que vc leu falam sobre questões existenciais que saem para fora do seu espaço e abrangem um todo. não são mais questões pertencentes unicamente ao seu "eu". acho que são temas nunca óbvios, por serem interiores, difíceis de serem exprimidos, mas comum a muitas pessoas que se questionam e que se buscam pensar o mundo muito além de qualquer superfície.
Léo Tavares