12/02/2008

Boiada

BOIADA

Boi no pasto parte o mato

Boi
Boizinho
Boião

Capivara sem cerrado
presa do parque
de cachorro abandonado e louco
Boi no mato não

Boi cerrado
osso a osso
carne cousa carne
Pra bife na mesa do prato

Prato de boi é grama
Grama de boi é pasto
Pasto de novo
Posto de trabalho

Mil bois são de uns
Com seus cem empregados
Que não têm quase nenhum
Centavo de sobra sobre a mesa
A família
Trabalha sem ter futuro
Na grande terra do dono de quase tudo
boi
soja
Nos campos profundos
Que vão se sumindo
Quede a flor do mato
Quede o mato
???
Bic Prado

6 comentários:

Fabi disse...

Noossa!! Arrasou Bic!
Quede o mato?

Nexo Grupal disse...

COMO ASSIM?

ISTO É UMA IRONIA OU UM ELOGIO?

ME DIGA FA?


BIC

Fabi disse...

É um elogio,gostei da eloquência da frase final!!
:-)

Anônimo disse...

Oi Bic! Bem-vinda de volta ao grupo!!!

Gostei muito desse poema. Especialmente do início, que pratica um simbolismo lúdico, misturando a sua argumentação a respeito do boi ser comido e também precisar comer com uma preocupação em trazer um espírito bucólico para o poema. Nos versos finais acho que essa relação se perde um pouco, mas mesmo assim é um ótimo poema. Você possui uma versão musical para ele também?

Bic disse...

Oi Ciro, bem, não tem música nele não, mas tudo é possível!

Estou feliz de estar de volta, obrigada!

Anônimo disse...

Tenho quase inveja do seu relato de como é morar na roça em 2008. Um notebook cai bem até no meio do nada, não? Aí não falta inspiração. Venda como cantigas de roda para alertar sobre a ganancia nossa em comer carne, tomar leite, derivados, usar couro... (youtube-a carne é fraca. )