01/11/2007

Poema do ato solitário

Surpreso com o fim do movimento,
estendia panos rosas por toda rua,
às vezes até mais longe,
e me prendia neste novelo do pequeno prazer
que se estende às almas e de lá retorna, inominável,
como os olhos que não são vistos...
Abria todo um verso ao esquecível,
o monumento da sofreguidão pelo grande prazer
que é esperar um momento que passa

[olhar para trás?]

Simples é condensar o passado num pequeno gesto do presente;

nessa corda louca, não me culpo o anseio de perambular
em todos os sentidos,
fingindo enganar o bom-senso
ou à espera de que ele me levasse para baixo,
cumprindo nos espelhos as direções contrárias da vida,
dizendo:
- continua até onde pode, meu irmão, sou tua roupa, teu fósforo, tua voz, mas quando chegar onde esquecias saberá ainda o que não sou, como não sabe a pele por que guarda tanto desejo.

Léo

3 comentários:

Anônimo disse...

uau

Fabi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabi disse...

"Simples é condensar o passado num pequeno gesto do presente".
Adorei o poema, e essa frase é incrível...