12/01/2012

Avesso

FELIZ 2012!!!
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Avesso

Toda cidade tem o seu poeta
Rua torta, rua reta.
Profano, insano, profeta.
Toda cidade tem aquela esquina
Outrora menina, hoje puta.
Toda cidade tem as suas estátuas
Muitas circulando, outras ocultas...
E por falar nisso,
Toda cidade tem um cemitério
Um bar
Uma birosca
Um homem sério
Rima pobre, rima rica,
Até mesmo um batistério.
Mas há também o verso livre do diabo
Porque o Diabo não se livra do verso
Vomitando metáforas no corpo esquálido da rua,
Amores perdidos, serenatas e luas.
Há, isso é fato,
Religiosos se masturbando
Uns salvando almas
Outros comungando
Igrejas de bêbados
Perfumes de beatas
Botecos mal lavados
Dondocas mal comidas.
Há (havia) também os suicidas
Uns bem sensatos
Outros nem tanto.
E para além de tudo há
Homens se viciando
Tantos se vendendo
Muitos até se matando.
E por falar nisso,
Nem citei alguns artistas...
O mundo se acabando
E eles se achando...
Toda cidade tem um beco sem saída
Labirinto do caos de noites não paridas.
E tem mais, toda cidade tem a sua culatra...
Como tem a sua cultura (que às vezes vai pelo ralo)
Bolso de paletó do político
Com ou sem gravata!
Toda cidade tem um maluco
Uivando para a lua cheia!
São Jorge ou Dom Quixote
Cada um sabe a sua sina na hora da ceia
Seio de moça ou mama de puta!
Toda cidade tem um hospício
Que já nem cabe todo mundo
Loucos, bêbados ou poetas,
Sem redundância
Essa gente do capeta,
Toda cidade tem a sua hora
Entre um poente e uma aurora
Badalo de sino
No acalanto, no tecer e no roer das horas...
A chegada e a partida
Seja para uma outra cidade
Seja para uma outra vida.
E lá se vai o cortejo...
Já sem nenhuma rima.

Adeilton Lima

3 comentários:

Fabi disse...

Lindo Adeilton!
E ainda bem, que em toda a cidade tem tudo isso, hehe.

Mateus disse...

Dá_lhe Adeilton. na mosca!

eiliko disse...

Excelente!