11/10/2010

A Batalha

Na infância do tempo,
da energia brotavam o ser e o não ser.
Inimigos, se consumiam, se anulavam
sangravam o fluido incandescente,
choravam o som embrionário.

Cutucando, roçando, despertaram
adormecidas, as dimensões se espreguiçaram,
erguendo o império inconquistado.

Sem pressa, a infância envelheceu
mas o tempo, intacto, flui sem marcas
e o equilíbrio, antes dominante, falha.

Sem perceber, o não ser se viu vencido, superado.
Resignado, cedeu e recolheu-se,
invisível, inexplicável, paira.

E da escurdião, sem festa nem nada:
emergiu a matéria.
Vitoriosa, imperatriz, eterna.

2 comentários:

Anônimo disse...

Massa Gisa! Tô curtindo suas poesias! Beijo, Eiliko

Léo Tavares disse...

acho que é sempre complicado transpor um discurso com esse teor filosófico para a poesia sem que o discurso prevaleça sobre a forma do poema. geralmente é comum que textos desse tipo se tornem uma prosa reorganizada em verso, mas aqui eu acho que você parte da poesia mesmo. não conheço sua forma de construção, a maneira como você reflete sobre determinado tema e que aspectos dele lhe são primeiramente, pensados e organizados como poesia, quando você vai escrever, por exemplo. o que eu quero dizer é que sinto que em seu trabalho existe uma valorização poética que não exclui o sentido do discurso e nem o deforma, pelo contrário, REFORMA liricamente, partindo de uma visão específica sua para atingir o espaço subjetivo do outro. em outras palavras, direciona um pensamento que comumente seria exposto de forma objetiva para um outro espaço onde ele possa "pegar" leveza e amplitude, e esse é o jeito da coisa. e, já que para mim essa capacidade de "redesenhar" e até mesmo "resignificar" as coisas é a qualidade maior de um poema, acredito que vc está dando os seus primeiros passos já no caminho certo. portanto, parabéns, seja bem vinda, vá aos encontros e queremos ler/ouvir mais trabalhos.