autenticada
minha rima é fraca
minha casa não é própria
a cintura é mal feita
meus seios não apontam saturno
eu nem sei passar batom!
trabalho nos dois turnos
não acredito no tempo
pra mim, a intesidade
me julgam sem argumentos
de parca credibilidade
meu ex é um babaca
o atual, pilha fraca
o seguinte, atrasado
não esbanjo longas madeixas
meu pezinho não é de gueixa
meus olhos não são azuis
e minha conta vive no vermelho
eu tenho insônia
e sofro de renúncia!
minha caligrafia é torta!
não endureço nem morta!
mostro os dentes
(e escondo uns medos)
na escola, fui má companhia
e ainda há os que confundam
minha alegria com mil ousadias!
sou pura melancolia...
convivo com azia
o pandeiro não me obedece
o cobrador não me esquece
coloco meu coração na mesa
pra que cortem suas fatias
rogam que fico pra tia!
sou tomada de defeitos
meu bamboleio é quadrado
meu fluxo, desregulado
detesto dar satisfação!
não ofereço segurança
cada qual com sua dança!
e puxa! como me cansam
as coisas definidas, fixadas,
estáveis e estabelecidas!
desde sempre é assim:
minha borracha se desmancha
em tanto erro e engano.
eu não tenho técnica
desconheço a métrica
minha prosa engana
não sou boa de cama
e sempre levo a fama!
6 comentários:
vc tem cara de ser boa de cama, não creio, hehe
Nandinha, adorei a tua poesia,vc se desnuda nela, acho isso sempre uma atitude de coragem.
as construções que encerram as estrófes são excelentes! ledas e musicais.
uma fernanda young sem a falastrice,canastrice ou a pretensão.
Que ritmo, Nanda! As exclamações produziram um certo efeito cômico que me parece ter feito toda a diferença. Quase dá pra sair sambando.
Nossa! Ao contrário dos outros comentaristas de cima, eu não achei que este poema seria falando da pessoa que o criou, no caso, você. Enquanto lia, eu me vi e vi qualquer outra mulher normal, que não é modelo e que trabalha duro para conseguir pagar as próprias contas. Dúvidas e defeitos, todas temos. Foi incrível o modo como você soube escrever isso.
Lindo!
Verus.
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