05/04/2010

O Homem na Moto

Um trompete de canhoto e as botas de galã
Um blusão de couro preto - O motoqueiro gentleman!
Sua moto hiperativa como bala de canhão
Soprava o esplendor por toda a região

Perturbava um Café, já cruzou Jerusalém
Grandes lentes de devasso, mas no bíceps de neném
A tatuagem - Um carcará buzinando pelo vento,
E preso ao bico azul, o dizer "Amor Eterno"
Namorou uma gracinha nomeada Marilu
"Pobrezinha" é o que diziam, "de família comportada"
Mas todos bem sabiam que ele amava mais que tudo
Pros outros e pra si a liberdade

Um trompete de canhoto e as botas de galã
Gestos de sereno louco - O motoqueiro gentleman!
Seu riso zombeteiro como um guincho de furão
Soprava o terror por toda a região

Marilu, a pobrezinha, persistia em suplicar
Disse "Pare de correr, eu vou chorar se você for"
Mas em vão esse pedido, sua lágrima também
Ao bramido do cilindro e do cano de explosão,
Se foi como um diabo, inferno doce no olhar
A moto ele empinou, varou tal nave a decolar
Contra um ônibus tranqüilo que passava ao meio-dia
E quando vasculharam a batida...

Encontraram no escombro as botas de galã
E o blusão de couro preto espalhados pelo chão
No entanto não se achou trompete, moto ou seu piloto
Que a mágica espalhou por toda a região

2 comentários:

Unknown disse...

bem-vindo ao grupo, luc! quero ver esse poema musicado! bjos, kybelle.

Fabi disse...

Na verdade o teu texto é uma prosa poética. Gostei, bem diferente, original.