O desejo é maquinário
Trabalhando incansável
Desmoronamentos quiméricos
De corpos amados aos nossos pés.
Sou capaz de amar quantos corpos
Se o meu próprio está preso
Em engrenagens que moem e moem
Tempos e ossos?
De cada resto deles,
Vou tecendo uma veste
Estranha e irrecusável,
Que costuro à minha própria pele.
Roca e fuso
Descomunal trabalho
Carcomendo memórias,
Moendo saudades e nuvens
Como a roda ruidosa
Que Maria Luiza gira
Contra um céu azul impassível.
8 comentários:
Uma poesia bucólica, que me remete ao amadurecimento. Fala sobre o aprendizado.
"Sou capaz de amar quantos corpos
Se o meu próprio está preso
Em engrenagens que moem e moem
Tempos e ossos?"
Esse trecho em particular me lembra como essa busca é solitária, como é importante a gente se enchergar, pra poder amar sem reservas, sem mágoas.
Desejo: moinho de mim.
Fabi, esse poema não é bucólico.
Eu achei ele bucólico.
O poema bucólico remete a uma tradição pastoril, árcade propriamente dita, que remete a poetas latinos da antiguidade, como Virgílio por exemplo, que escrevia, além de épicos, sobre o cultivo de abelhas e sobre a natureza. O tema da poesia bucólica é a relação frugal e equilibrada do homem com a natureza, uma relação de paz, reverência e simbiose. Tem pouca coisa, portanto, a ver com esse poema intimista e metafórico, pra não dizer alegórico e inteiramente dentro da tradição contemporânea, do Leo.
Não tem como "achar" esse poema bucólico, Fabi. Ele simplesmente não é. Mas não se preocupe com isso não. Eu fiz a correção justamente porque adjetivos como "idílico", "bucólico", etc, aparecem muito fora de contexto.
Ai ciro vc é muito professor de literatura mesmo, rs...
Quase cansei de ler a sua explicação sobre o significado da palavra bucólica na literatura. ok, vc tem razão!
rsrsrs
Ai ciro vc é muito professor de literatura mesmo, rs...
Quase cansei de ler a sua explicação sobre o significado da palavra bucólica na literatura. ok, vc tem razão!
rsrsrs
rs desculpa pela chatice! :P
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