Antes, quando muito
Eu era uma poça
No caminho dos passantes.
Rasa, suja, caudalosa
De vida morna e agonizante
Vez em quando pisada
Por distraído itinerante.
Reduzida à vida líquida
Sob cada passo trôpego
E errante,
Tornei-me a vida vaporosa
Que desde sempre vislumbrava.
Em imantado cinza o céu me recebia
E um cortejo de nuvens me abraçava.
Anúncio de chuva sobre a Terra,
E eu retorno.
Mas para outro cenário:
Sobre o rio que avança
O passante distraído jamais erra
E eu me uno à correnteza
E jamais paro.
Léo Tavares
5 comentários:
Belo texto, Léo! A matéria e/ou a alma, o efêmero, transitório em estados que se transformam. Na transformação,a a idêia de continuidade, ou mesmo de imortalidade. Primeiras impressões. Abraço!
UAU!!!
Muito bom léo...muito sutil e bonito! imaginei essa poça, passageira e fluida sendo nós sempre passando e só provando das coisas do mundo...sei lá, tive essa pala aí... =P abração!
Oi Leo. Esse poema segue uma extensa tradição poética (de Baudelaire a Cabral e Ponge) do animismo ou metempsicose, o que é dar alma às coisas inanimadas, em espepcial a água, a chuva ou os rios. Eu sugeriria que você procurasse algo nesse sentido. Há inúmeros poemas maravilhosos que tiveram como detornador a mesma idéia quq a sua. Gostei do poema. Tem um aspecto um tanto infantil no bom sentido, poderia ser ensinado nas escolas, hehe. Mas creio que, se há o desejo de adensá-lo, será preciso se aprofundar nas relações que você coloca no poema.
Adorei a evolução da poça!
Verus.
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