17/08/2008

Frankenstein

Uma boca cheia de palavras,
Uns dedos que fazem poesias,
Uns versos soltos no mundo,
E você abre os olhos loucos,
Como se a manhã fosse infinita.
A tua vontade é sempre outra
Eu ouço fundo a tua voz,
Enquanto a tua barba arranha
A frágil pele que envolve o meu amor,
Meus olhos sempre repetem:
Toca-me.
Sufoco.
Eu perco o fôlego
E sufoco.
“O branco queima a pedra”.
Eu não sei falar,
Ensina-me a voz.
Faz de conta que sou teu poema.
Como Frankenstein,
Faça-me viva.
Eu tenho a noite sem lua na alma,
E uma vontade infinita de comer maçãs,
Ensina os passos do teu mundo,
E me vista de pôr-do-sol,
Quero ser amarela e amada,
E aprender a assoviar.
Termina-me
Depois mão no queixo.
Leia-me de novo.
E assina.

4 comentários:

Anônimo disse...

qualquer elogio seria pouco pra MARAVILHA desse poema.

Anônimo disse...

Essa família de poetas, Leo, Fabi e Teresinha! Parabéns. Realmente, concordo com o Mateus, é um poema admirável. A figura de Frankenstein sugere para o pensamento a relação entre criador e criação, relação à qual o tema do amor e suas ilusões - bem como o tema do ato de produção do poema, sempre implícito em qualquer poema - se ajusta das mais diversas formas. E isso é algo muito bem explorado no texto.
Um grande abraço, eiliko

Anônimo disse...

Qualquer comentário tornaria fria a passionalidade desse poema. É muito pessoal, impulsivo, libertador. Qual o sentido em ficar apontando tecnicidades nesse caso? A emoção fala bem mais alto. A experiência em si destes sentimentos deve ser ainda maior que a poesia...

Anônimo disse...

O amor que costumamos viver não enche a alma; esvazia...