Agora eu sei de murmúrios
Ecoados, gravados na pedra
Imemorial das cavernas interiores
Escuto tudo e sei que os anjos
Têm três grupos de cordas vocais
Para cantar elegias nesses vales daqui
Ou para gritar em êxtase estrelado
Quando enxergam os vaga-lumes
Sobre os prados e os rios de mim.
Eles me mostraram caminhos bifurcados
Que eu nem suspeitava
Nesse coração de travas e cancelas.
Agora ando a viver em ravinas
E durmo repousante sono sobre
Sulcos profundos nas lembranças.
Quando sonho com Deus,
Ardo numa febre iluminada e mansa
Começo a lida arando o teu pensamento
A fim de abrir espaço para as minhas sementes
Verto água e suor e sangue
E quando o dia finda alaranjado
Penso incêndios no céu
É um ruído de colunas que desabam
É um grito de ouro derretendo sobre nuvens azuladas
É uma asa planando, decepada
A chocar-se contra constelações e nebulosas
Não me despeço, quando eles partem
Compreendo o tempo de retornar à casa
Sozinho no silêncio orvalhado e humilde
Do amor refletido em suas possibilidades e limites
Me curvo às poças com sede de uma água
Espelhada e impossível
Eles me ensinaram
Deixaram-me ler palavras que jamais serão escritas
Em língua alguma
E me ungiram de claridade e clarividência
Agora faço o primeiro desenho do invisível
E te liberto no infinito
Até que um dia seremos anjos, quem sabe
E tudo quanto não é desejo.
Léo Tavares
5 comentários:
Bonito, Tavares! Eiliko
Adoro a construção das tuas poesias, e essa tem um lance de descobertas,tem um final tão bonito, fiquei até melancólica,hehe
Olha, léo, realmente o poema está muito forte. Tem algumas pequenas coisas que podem ser mudadas, mas em geral é uma declaração, um poema apaixonado pelo que quer que seja. Lembrei de meus poemas, achei semelhante. Vou publicar aqui o último deles, que acho que tem tudo a ver. abs
o outro léo
lindíssimo, meu bem! esse pôr-do-sol q vc descreve me deu vonade de chorar ehehe.
beijão!
opa... é 'vontade' e não 'vonade'
passa mal.......
Postar um comentário