Morei na Avenida Francisco Hermenegildo nº1873,
Em frente a um quartel,
No caminho de um enterro,
Perto demais de alguns
Longe demais dos outros...
Morei em uma casa
Onde às seis horas da tarde
Ouvia-se uma corneta,
Um toque de recolher
Onde havia uma árvore
E um gato eterno,
Uma escada
E três cachorros,
Uma máquina de escrever
Sendo usada incessantemente
Desde oito horas da manhã.
Morei em uma casa branca de portas abertas,
Com amigos na calçada
Com rosas vermelhas em botão
Durante dezesseis anos.
Hoje a casa virou foto,
E na foto não parece mais bonita
Nota-se que foi viva,
Traz consigo
A sombra do gato
E um miado entrecortado
Pelos ecos da corneta...
Fabiana Motta
5 comentários:
fabi,
se esta foto existe mesmo,
e nela tem uma casa branca de janelas abertas, me mostra um dia para eu brincar de colocar minha imaginação à prova?
tá linda a poesia.
Memória do passado, lembrança da velha casa. O que vivemos, a gente guarda a contragosto, mas onde vivemos resta, nem que seja como ruína, com outras pessoas sentadas na mesma calçada, pintada de outras cores, sobrevive, marca o tempo que se extende até o presente.
Menezes
lindo poema, sensível e delicado, como nossa memória do passado. Uma fotografia é o momento do poema postergado...inda bem q esse vc retomou...adorei!
besos
Gostei do poema sobre a casa da infância, autobiográfico ou de um ser imaginário? bjos.
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