Queria estraçalhar a manhã
Entre os dentes
Para me alimentar de prado.
Céu que rasga o cinza
E arrebenta o telhado
Me acorda para o dia
De um minuto vaporoso
E para sempre solidificado.
Pedra atirada na alma,
Tessitura de estilhaços
A manhã me desfere
Golpe de machado.
Desfecho fatal.
Eu me recolho
Que nem molusco ao contato do sal.
Leonardo Tavares
5 comentários:
Essa poesia tem a tua cara,hehe.
"Me acorda para o dia de um minuto vaporoso e para sempre solidificado".
Adorei isso.
Vejo muito movimento. Movimentos rápidos, incontidos, os elementos visuais armados, quebradeiros, queredores do vôos de liberdade.
Ferido.
A dramaticidade me encanta!
Visceral cara, lindo. Gosto do seu jeito de bater com as palavras, parece de verdade. e essa minha manhã começou difícil...hihihihihihi
abraço!
o comentário anônimo é o meu....
Somos tão "construídos" que almejamos "estraçalhar a manhã...para nos alimentarmos de prado"...
Por que a manhã é território dos homens feitos, da razão, do sentido lógico da vida? Por que a manhã, que é bela, se veste de forças ocultas, tão ocultas, que brilham por trás do sol iridescente?
De qualquer forma, o minuto vaporoso para sempre solidificado é mesmo a cara da manhã (a dos orvalhos gélidos na luz do verão).
Menezes
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