14/03/2008

Ambiental

Para Bic

O último homem que surgiu na Terra,
nasceu de um fio de cabelo de sua mãe.
encubou-se em uma pipeta nível x-4*

O último homem que surgiu
não sabia que era homem
pensava que era um bicho.

O último homem que surgiu na Terra
morreu alguns anos depois do seu surgimento.

A Terra não se lembra mais disso,
Tudo foi somente uma invenção.

* Uma pipeta nível x-4 possui quatro dimensões, dentre as quais, o tempo. Essa pipeta perde todo valor sem fios de cabelo humano.

5 comentários:

Fabi disse...

Essa parte do homem que pensava que era bicho é muito legal, dá pra viajar nisso.
Adoro a tua poesia, adoro a explicação sobre o que é pipeta nível X-4.

Léo Menezes disse...

Eheh, essa da pipeta... Bem, acho o poema muito interessante, principalmente por pensar a questão da coisificação do homem a níveis extremos, num futuro não tão distante, além de conter um teor apocalíptico, que, sinceramente, acho necessário nesse momento de "vitória" da ideologia burguesa. Nada contra os burgueses, que fique claro, mas outro dia vi na capa da Veja que o homem nunca viveu tão bem quanto agora. Beleza, mas a que custo? Será que sempre que humanidade alcança um alto grau de desenvolvimento, o perigo de retorno à barbarie se torna maior? A terra certamente é que não responderá, afinal, pra ela, tudo "foi somente uma invenção". É isso aí.

Vitor Aratanha disse...

Faço minhas as palavras do Léo. O tom apocalíptico é muito pertinente mesmo. Penso muito na dominação das máquinas que já vivemos...

Bic disse...

Escalafobético em centramentos de reflexões humanas importantes e imediatas.

Valeu pela dedicatória!

Anônimo disse...

Curti muito o teor apocalíptico e também do teor prosaico tão pertinente a poetas mineiros como Juliano :) Os mineiros conseguem introduzir essa ironia de um refinamento somente mineiro (se você não é mineiro, desista de escrever assim...)que parece sempre algo ao mesmo tempo feliz e triste, como se tivesse encontrado a exata medida para poetizar sobre qualquer coisa. Em suma: bom demais!

Ciro