06/10/2007

Preciso respirar

Poesia é água mesmo.
O problema às vezes é que de tão necessária,
torna-se invisível e ponto de acharmos
não precisar mais dela.

Quem não lê poesia?

Quando tomo um suco desses de caixa,
Sempre penso da distância que estou da natureza,
Às vezes também penso no lugar da poesia.
Não é só levá-la ao povo, como um presente,
um artefato cuja produção se desconhece,
não, levá-las às ruas por uma necessidade de expressão grandiosa,
já que a amarramos sempre e sempre com livros e leitores educados,
bons irmãos, é verdade, mas pouco interessados em arriscar o espaço público.

Poesia é feita de palavras, letras, sons.
Tudo matéria bem clara.
Se é matéria, logo precisa de espaço.
Espaço para se propagar ou para fazer valer tanto esforço em transformá-la.

Logo, algo feito de infindáveis toneladas da história,
mas tão leve, feito bracelete, de metal ainda mais leve – e raro –
deve ser exposto como a nódoa do céu,
como a fome do homem,
o sangue de todos os vivos,
feito objeto, arruinado,
para incitar a revolta
pela ambivalência desta vida.

Precisamos abrir espaço
e criar caminhos
para algo que na vida
está
emparedado.

Leonardo Menezes
Outubro 2007

Um comentário:

Ciro disse...

Legal, mas pareceu mais um pequeno manifesto que um poema... é isso mesmo?

Sou a favor de pensar que, se a poesia não interessa mais a ninguém, que deixem-na lá mesmo nos círculos universitários... pelo menos lá tratam-na com carinho, hehehe....