05/01/2011

Inutilidades inadiáveis

medir o tempo pela própria ansiedade

éandarcomsapatosapertados

é imperioso
(ao menos para a poesia)
deixar
(pelo menos uma vez ao ano)

1) que os espelhos reflitam o que quiserem
2) que as bonecas brinquem com suas donas
3) que os cabelos se emaranhem ao vento, enlouquecidos
4) que se beba em uma xícara tão pobre que não tem nem pires (seu chão)
5) que se descubra vida dentro de um livro
6) que uma criança toque piano usando apenas dois dedos (um de cada mão)
7) que se jante ao ar livre
8) que as velas riam ao invés de chorar
9) que dois amantes se atrasem em ao menos uma das 52 segundas-feiras do ano
10) que um poeta tente fazer uma lista sem fim de inutilidades inadiáveis (quando é seu tempo)
11) que outro poeta continue essa lista, já que não tem fim.

6 comentários:

Nathy Kammer disse...

=]
Que os primeiros e simples prazeres não tenham fim!
Muito bom!

Léo Tavares disse...

lindo. tem ecos de manoel de barros, é eiliko do começo ao fim, mas me remete a um wim wenders de asas do desejo (o que é sempre muito bom).
adorei.
:o)

Anna K. Lacerda disse...

E no turbilhão dos instantes um punhado de vida!

* que meu 2011 seja feito dessas inutilidades menino eiliko.

Um beijo.

Anônimo disse...

Adoro vocês, poetas!
Eiliko

Anônimo disse...

Maravilhoso.
Verus.

Léo Menezes disse...

Essa eu não continuo! Faço!