06/09/2010

15:30

Conduza-me pela mão

Em direção ao escuro invisível

Que se esconde na clarividência

Dos teus sentidos

Essa que fica além da claridade da tarde,

Mas depende de luz para ser entrevista.

Localiza o lugar mais recôndito, aquele da sonolência

E da síncope. Do frêmito e do despojamento absoluto

Em algum canto absurdamente simples

No fundo do nosso quintal.

Lá onde só residem insetos e a felicidade de insetos

-essa morosidade quente das quinze e trinta,

Fevereiro perdendo a cor,

Veraneio de febres e ressonâncias

Entregando o cenário para a frieza dos nossos pés

E o silêncio das nossas mãos.

Em alguns minutos,

Nossas bocas estarão coladas à terra:

Uma congregação de substâncias

Que resistem além da consciência e do coração.

A vida longa das coisas que morrem.

Cabelos e unhas crescem sem opacidade.

Minerais se desprendem sob o sol.

O curso de outras tardes iguais transcorre

Sem dúvidas ou lamentações. São outros tempos.

Luas irradiam diferentes azuis sobre nossas pálpebras impassíveis.

Chuvas nos aproximam mais e mais

Como dois peixes esquecidos dividindo um pequeno aquário.

Lodo e cinzas. A cor do tempo se aproxima,

E ela é O Inominável.

O mato cresce livre acima dos nossos corpos.

Depois o frio, que jamais sentimos

Trazido nas asas dos pássaros que nos fazem casa.

Nesse lugar onde se reinventa o milagre do tempo.

Tudo em volta se faz ruína, um dia.

Nossos joelhos estão sempre juntos.

E é sempre quinze e trinta.

4 comentários:

Anônimo disse...

muito massa leo. li quando era quase 15:30, :)
Eiliko Ps: Feliz aniversário

Fabi disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Fabi disse...

Lindo Léo, adoro essas suas poesias de imagens tão nítidas e impactantes.

Anônimo disse...

senti mais a vida que antes de ler.