Conduza-me pela mão
Em direção ao escuro invisível
Que se esconde na clarividência
Dos teus sentidos
Essa que fica além da claridade da tarde,
Mas depende de luz para ser entrevista.
Localiza o lugar mais recôndito, aquele da sonolência
E da síncope. Do frêmito e do despojamento absoluto
Em algum canto absurdamente simples
No fundo do nosso quintal.
Lá onde só residem insetos e a felicidade de insetos
-essa morosidade quente das quinze e trinta,
Fevereiro perdendo a cor,
Veraneio de febres e ressonâncias
Entregando o cenário para a frieza dos nossos pés
E o silêncio das nossas mãos.
Em alguns minutos,
Nossas bocas estarão coladas à terra:
Uma congregação de substâncias
Que resistem além da consciência e do coração.
A vida longa das coisas que morrem.
Cabelos e unhas crescem sem opacidade.
Minerais se desprendem sob o sol.
O curso de outras tardes iguais transcorre
Sem dúvidas ou lamentações. São outros tempos.
Luas irradiam diferentes azuis sobre nossas pálpebras impassíveis.
Chuvas nos aproximam mais e mais
Como dois peixes esquecidos dividindo um pequeno aquário.
Lodo e cinzas. A cor do tempo se aproxima,
E ela é O Inominável.
O mato cresce livre acima dos nossos corpos.
Depois o frio, que jamais sentimos
Trazido nas asas dos pássaros que nos fazem casa.
Nesse lugar onde se reinventa o milagre do tempo.
Tudo em volta se faz ruína, um dia.
Nossos joelhos estão sempre juntos.
E é sempre quinze e trinta.
4 comentários:
muito massa leo. li quando era quase 15:30, :)
Eiliko Ps: Feliz aniversário
Lindo Léo, adoro essas suas poesias de imagens tão nítidas e impactantes.
senti mais a vida que antes de ler.
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