10/08/2010

CIGANA (para Nanda Barreto)

a porta estará aberta
ao que torna verde
os dias,
ao que tem cheiro de mato
molhado

seguirei descalça
nua
descabelada
de mãos dadas
com as sementes e os baús

conte-me tudo
ao pé do ouvido
sem titubear

quero saracotear a vida
como a um mergulhador
que descobre os segredos
da escuridão

e nela acender uma vela

quero suas mãos que me são claras
e nelas percorrer as linhas

em troca ofereço meus dedos
longos e cravados

tudo agora
tudo instante
na multiplicação dos segundos

um riso nunca é a toa
assim como um balão
nunca voa em vão

Um comentário: