Elas podem ser um doce flerte
ou o amor perdido.
O último nome e a última voz,
que também muda com o tempo.
Torna-se outra primeira,
mais distante a cada roda,
como sonho.
O que vivemos quando acabam os dias dessas coisas,
não têm nome, é presente da vida,
se respira, se almeja, se tem.
Oxalá pudesse chamá-las como se dá o abraço
na pessoa próxima. Sem brevidade.
Mas essas últimas coisas trazem em si
um pequeno inferno no colo,
nos precipitam em gozo: nada esperam
O derradeiro é o desenho mais refinado
que se acredite pensar.
É belo,
fim de tarde repleto de raios a cortar o mormaço,
amarelo, como as flores ficam quando deixam de viver.
Talvez não se queira perguntar mais
por esses nomes,
porque hoje,
tantas vezes,
se chame medo
essa quimera.
e o medo não se chama.
Quase lembro do dia
marcado dessas coisas,
quando se deixa de vê-las
a percorrer o horizonte.
São engolidas pela noite
ou renascem, em busca
do leste eterno?
Léo Menezes
4 comentários:
Gostei mais quando você leu no encontro. É um belo poema, mas ele recai sobre aquele velho problema? Afinal, sobre o quê você está falando? "ùltimo nomes das coisas"? Que referências temos para identificar minimamente o que seja isso? Me parece abstrato, apesar da beleza e de um bem calibrado grau de exotismo... e até de esoterismo!
Léo é sempre grande e sua poesia é assim, vaga, solta (não diria frouxa porque pode recair sobre uma conotação negativa), imprecisa, porém carregada de força.
Ciro, o último nome das coisas é aquele que é dado no momento em que as coisas acabam, como o "amor perdido" do começo do poema. O que chamamos amor muda seu nome (na verdade se torna outra coisa). É nesse snetido que o poema se constrói. Falando sobre o fim e o que fica (se fica) dos sentimentos e das coisas que acreditamos. É óbvio que se trata de um poema sobre sentimentos, sobre as "coisas" indomáveis com que temos de lidar na vida. É isso. Valeu pelo comentário, mas achei que devia responder.
Abs
Menezes
Eu gosto do seu poema Léo, entendo esse tipo de sentimento que te levou a escreve-lo. Eu gosto da maneira como vc descreve esse fim, que tbm pode ser renascimento.
E sempre é, fabi.
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