06/10/2009

Engenho

Essa pedra doce
Sólida chapa de açúcar
Insolúvel ao toque

Que, ao leve raspar
da saliva
dissolve em sabor
delinea-se, criando
diferentes matizes
coloridos sabores
no céu da boca

7 comentários:

Anônimo disse...

Valorizando a cultura tradicional...bacana...apurando os sentidos...água na boca.

Bela, Cesar!

Bic

Anônimo disse...

cultura tradicional? não entendi...

Anônimo disse...

Uai, Cesar, o próprio engenho, a rapadura, coisa dos antigos...rs de fazenda, roça, quando açúcar branco era raridade, tradição ancestral...

Belo poema!

Bic

Anônimo disse...

gente, leia "o Açucar", de Ferreira Gullar. Não nos esqueçamos dos horrores do engenho...

Anônimo disse...

"O açucar", Ferreira Gullar


O branco açúcar que adoçará meu café
Nesta manhã de Ipanema
Não foi produzido por mim
Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre.
Vejo-o puro
E afável ao paladar
Como beijo de moça, água
Na pele, flor
Que se dissolve na boca. Mas este açúcar
Não foi feito por mim.
Este açúcar veio
Da mercearia da esquina e
Tampouco o fez o Oliveira,
Dono da mercearia.
Este açúcar veio
De uma usina de açúcar em Pernambuco
Ou no Estado do Rio
E tampouco o fez o dono da usina.
Este açúcar era cana
E veio dos canaviais extensos
Que não nascem por acaso
No regaço do vale.
Em lugares distantes,
Onde não há hospital,
Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome
Aos 27 anos
Plantaram e colheram a cana
Que viraria açúcar.
Em usinas escuras, homens de vida amarga
E dura
Produziram este açúcar
Branco e puro
Com que adoço meu café esta manhã
Em Ipanema.

Anônimo disse...

Cesar, o que mais está implícito no poema eu não comentei....a sensualidade, os sentidos plenos...os gostos, tatos...os contatos...

Bic

Anônimo disse...

Bic, quem postou o poema do Gullar fui eu, não o César que, aliás, ganhou um filho há poucos meses. Parabéns, Cesão! Eiliko